quinta-feira, 14 de maio de 2015

Os 4 maiores mitos sobre a Idade Média (reveja seus conceitos)


A chamada Idade das Trevas, período que compreende o continente europeu entre os séculos V e XV, é uma era misteriosa, sobre a qual aprendemos na escola uma série de “verdades” bizarras acerca de como os homens viviam, suas crenças, leis, sempre com um viés recheado de ignorância e inferioridade em relação aos tempos modernos. Muitas crenças indevidas foram difundidas sobre a vida nessa época, generalizando fatos que, muitas vezes, eram restritos a certos grupos, ou lendas infundadas, como a de que o homem medieval acreditava que a Terra era achatada, ou que todos eram totalmente obedientes à religião, que as mulheres não tinham direito algum. O fantástico site medievalists (já publicamos outros artigos desse site: 10 milagres mais estranhos da Idade Média10 mortes mais bizarras da Idade Média,10 animais da Idade Média que talvez não tenham existido), especializado em divulgar as pesquisas sobre a Idade Média, postou uma relação de mitos que mantemos no senso comum sobre a vida medieval. Selecionamos os 11 mais interessantes e fizemos a tradução do artigo, incrementando com mais informações pesquisadas sobre cada um dos mitos citados:

Os medievais acreditavam que a terra era achatada.



Ao contrário do que se popularizou, praticamente todos os estudioso medievais acreditavam que o mundo era redondo. A proposição dos antigos gregos sobre o formato arredondado do planeta terra era a imagem predominante dos sábios e estudiosos europeus, pois a base dos estudos científicos era da cultura helenística. Até o século XIV não há nenhuma menção sobre o formato achatado do planeta. No entanto, durante o século XIX, período de estabelecimento do positivismo e da visão cientificista da realidade, foi amplamente noticiado que as pessoas na Idade Média pensavam que a Terra era plana, para ilustrar o atraso do pensamento teocêntrico que essa era simbolizava. Alguns livros didáticos antigos forneciam essa informação, filmes como 1492 – A descoberta do Paraíso, reforçaram esse estereótipo que ganhou força na cultura popular.

Primae Noctis realmente acontecia.


Popularizou-se, por meio de alguns filmes satíricos e outros sérios, que os senhores feudais teriam alguns direitos bizarros, como da “primeira noite” que consistiria em dormir com a noiva na sua primeira noite de casada antes do noivo, desvirginando-a. Não há nenhum registro desse tipo de fenômeno acontecendo durante a Idade Média, parecendo mais provável que essa crença tenha origem na narrativa oral dos povos camponeses. É possível que houvesse eventualmente atitudes tirânicas como essa por parte de algum nobre mais sádico, cuja barbaridade tenha criado fama na boca do povo e circulado como prática comum.  Novamente destaca-se os fins do século XVII e início do XIX, época das enciclopédias, em que se reviu o mundo antigo e vários intelectuais aventuraram-se nos domínios da História, criando à sua maneira os dados que julgavam notórios para pintar a mal-fadada Era das Trevas.

Os vikings usavam capacetes com chifres


Vikings e outros guerreiros medievais nunca usavam capacetes com chifres – que não seria muito útil na batalha. No século 19 artistas escandinavos começaram a adicionar esses tipos de elmos à imagem de suas representações dos Vikings. Johnni Langer, pesquisador brasileiro (professor de História Medieval no departamento de História da UFMA, Universidade Federal do Maranhão, em São Luís), em seu “The origins of the imaginary viking”, esclarece o mito a partir da popular crença de que o maior medo dos vikings é de que o céu lhes caísse na cabeça, frase celebrada pelo personagem Asterix, o gaulês.Durante o Romantismo, artistas europeus, particularmente britânicos, passaram a pintar os nórdicos com o elmo cornudo, tornando a imagem consagrada (como muitas outras criadas pelos românticos, responsáveis por boa parte do imaginário popular moderno acerca do mundo antigo).

As pessoas com 30 anos de idade já eram velhas.




Costuma-se dizer que, durante a era medieval, quem chegasse aos trinta anos já estaria velho, o que atiça o imaginário das pessoas com imagens esdrúxulas do aspecto dos adultos de então. Nada mais surreal. A expectativa de vida durante uma época é calculada levando em conta todas as pessoas, inclusive crianças. Como a mortalidade juvenil dessa época era bem alta, na estatística a idade média atingida pelos medievos girava em torno de 30 anos, contudo, ninguém era considerado velho antes de completar seus 50 anos, pelo menos. Era comum que se chegasse à idade de 60, 70 anos e muitos passavam dos 80 ou 90 com saúde.

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